2020: o ano que Omulu foi mais lembrado
O ano de 2020 já nos pregou uma grande peça. Para o Axé que eu descendo, 2020 tem a regência de Xangô, Iansã (Oya) e Oxalá. Assim, imaginamos que teríamos nesse ano muita justiça feita por Xangô, que Oya varreria o mau para longe e Oxalá jogaria suas benção e seu Alá Funfun sobre nós. Tudo isso ainda procede, porque são feitos que acontecem paralelamente, porque o mundo é assim, tudo acontecendo no mesmo tempo.
Em Janeiro o mundo começou a receber as notícias de que um novo coronavírus tinha surgido em uma cidade chinesa com mais de 11 milhões de habitantes (Wuhan), o vírus ainda não era coisa nossa, estava muito longe, ainda não era uma doença que nos preocupasse, exceto para poucas pessoas a vida seguia normal, o povo de Terreiro seguia sua vida cotidiana, tivemos as Águas de Oxalá, algumas Casas comemoraram Oxossi, outras Ogun, logo o Carnaval colocou sua cara e como de costume de boa parte do Povo do Santo correram para seus ebós de segurança pré carnaval, o vírus seguia na China matando pessoas. O carnaval foi embora, o mês de fevereiro terminou no dia 29, ano bissexto - nesse, minha irmã Andrea fez aniversário - e os primeiros casos de coronavírus (covid19) surgiram no Brasil. Os noticiários se voltaram para o novo corona, os casos no país ainda eram inexpressivos, ainda não era caso para Omulu ou Obaluaiê, afinal o vírus ainda não estava próximo.
Quando o mundo, inclusive o Brasil, através da mídia tradicional e das redes sociais começou a perceber que o problema era sério, e que os países que não acreditaram muito estavam pagando um alto preço, o maior deles, que é a vida. A doença passou a ser uma caso para Omulu resolver. Eu sei que Omulu, o Senhor da Terra, controla a febre e as pragas do mundo, também sei que é a ele que recorremos nos casos de saúde, mas será que ele pode nos salvar da morte? A febre que vem de dentro, tudo que eclode também, ele é o senhor de tudo que vem de dentro. A doença, no caso o vírus não está no ar, está no hospedeiro, no vetor que transmite com alto poder de transmissão. Omulu controla a febre, mas a febre é o sinal de que algo está errado, e o controle, seria maquiar a doença ou cura-la? Então de quem é a responsabilidade de controlar o vírus? De Omulu?
A morte espreita, Iku está agindo, ceifando vidas, Iku nasce com a gente, e fica até o dia que deve ficar. Para quem é do Santo, sabe que enganar Iku é tarefa difícil, então quem pode controlar a morte? Quem pode nos livrar desse mal, além das precauções e cuidados que devemos ter para que o vírus não se espalhe e não mate.
A cada dia, Omulu foi se tornando mais popular nas redes sociais, até porque, elas passaram a ser quase absolutas ferramentas de comunicação da população. Gente do Santo, simpatizantes e pessoas de fé promoveram correntes e rogaram para o grande Orixá que abrandasse a febre provocada pelo vírus e afastasse a morte, creio que muitos quilos de Duburu (milho de pipoca) foram estourados para que a divindade se pronunciasse a nosso favor.
Já Oyá (Iansã), guerreira das tempestades, do vento, a mãe dos nove filhos (Imalegã, Iorugã, Akugã, Urugã, Omorugã, Demó, Reigá, Heigá e Egun Gun), a dona do Axêxê, criado por Oxossi (Ode), a guerreira Ébórá que carrega o Erukerê, a grande Iya Osú (Mãe do vermelho) cor quente e vibrante. Iansã conduz a morte. Oya, que está na regência de 2020 junto com Xangô e Oxalá se faz presente, quase não foi lembrada.
Oxalá, que se vestiu de mulher para enganar Nanã sobre a morte, tem o poder da criação e também da morte é claro, também deveria ser rogado, pois se Exú é o inicio, Oxalá é o fim.
Xangô, Orixá oriundo de Iku, e por ser um grande Egungun, poderia ser lembrado nesses momentos em que a morte assombra o mundo. Xangô criou o culto a Egungun, suas vestes tem o banté não à toa, sua cor é o vermelho, cor essa, que não pode faltar nos ebós Iku e Egun. Lembrar e rogar a Xangô para controlar Egun é, em minha opinião, muito propicio para esse momento tão difícil para o mundo.
Resumidamente creio que recorrer a Omulu diante dessa crise viral é mais que válido, porém, acredito que os Orixás que regem esse ano, segundo a cosmovisão do nosso Axé, também devem ser cultuados para que nos livre da morte precoce.
Marcos de Ode (Ode Kobayó)
Em Janeiro o mundo começou a receber as notícias de que um novo coronavírus tinha surgido em uma cidade chinesa com mais de 11 milhões de habitantes (Wuhan), o vírus ainda não era coisa nossa, estava muito longe, ainda não era uma doença que nos preocupasse, exceto para poucas pessoas a vida seguia normal, o povo de Terreiro seguia sua vida cotidiana, tivemos as Águas de Oxalá, algumas Casas comemoraram Oxossi, outras Ogun, logo o Carnaval colocou sua cara e como de costume de boa parte do Povo do Santo correram para seus ebós de segurança pré carnaval, o vírus seguia na China matando pessoas. O carnaval foi embora, o mês de fevereiro terminou no dia 29, ano bissexto - nesse, minha irmã Andrea fez aniversário - e os primeiros casos de coronavírus (covid19) surgiram no Brasil. Os noticiários se voltaram para o novo corona, os casos no país ainda eram inexpressivos, ainda não era caso para Omulu ou Obaluaiê, afinal o vírus ainda não estava próximo.
Quando o mundo, inclusive o Brasil, através da mídia tradicional e das redes sociais começou a perceber que o problema era sério, e que os países que não acreditaram muito estavam pagando um alto preço, o maior deles, que é a vida. A doença passou a ser uma caso para Omulu resolver. Eu sei que Omulu, o Senhor da Terra, controla a febre e as pragas do mundo, também sei que é a ele que recorremos nos casos de saúde, mas será que ele pode nos salvar da morte? A febre que vem de dentro, tudo que eclode também, ele é o senhor de tudo que vem de dentro. A doença, no caso o vírus não está no ar, está no hospedeiro, no vetor que transmite com alto poder de transmissão. Omulu controla a febre, mas a febre é o sinal de que algo está errado, e o controle, seria maquiar a doença ou cura-la? Então de quem é a responsabilidade de controlar o vírus? De Omulu?
A morte espreita, Iku está agindo, ceifando vidas, Iku nasce com a gente, e fica até o dia que deve ficar. Para quem é do Santo, sabe que enganar Iku é tarefa difícil, então quem pode controlar a morte? Quem pode nos livrar desse mal, além das precauções e cuidados que devemos ter para que o vírus não se espalhe e não mate.
A cada dia, Omulu foi se tornando mais popular nas redes sociais, até porque, elas passaram a ser quase absolutas ferramentas de comunicação da população. Gente do Santo, simpatizantes e pessoas de fé promoveram correntes e rogaram para o grande Orixá que abrandasse a febre provocada pelo vírus e afastasse a morte, creio que muitos quilos de Duburu (milho de pipoca) foram estourados para que a divindade se pronunciasse a nosso favor.
Já Oyá (Iansã), guerreira das tempestades, do vento, a mãe dos nove filhos (Imalegã, Iorugã, Akugã, Urugã, Omorugã, Demó, Reigá, Heigá e Egun Gun), a dona do Axêxê, criado por Oxossi (Ode), a guerreira Ébórá que carrega o Erukerê, a grande Iya Osú (Mãe do vermelho) cor quente e vibrante. Iansã conduz a morte. Oya, que está na regência de 2020 junto com Xangô e Oxalá se faz presente, quase não foi lembrada.
Oxalá, que se vestiu de mulher para enganar Nanã sobre a morte, tem o poder da criação e também da morte é claro, também deveria ser rogado, pois se Exú é o inicio, Oxalá é o fim.
Xangô, Orixá oriundo de Iku, e por ser um grande Egungun, poderia ser lembrado nesses momentos em que a morte assombra o mundo. Xangô criou o culto a Egungun, suas vestes tem o banté não à toa, sua cor é o vermelho, cor essa, que não pode faltar nos ebós Iku e Egun. Lembrar e rogar a Xangô para controlar Egun é, em minha opinião, muito propicio para esse momento tão difícil para o mundo.
Resumidamente creio que recorrer a Omulu diante dessa crise viral é mais que válido, porém, acredito que os Orixás que regem esse ano, segundo a cosmovisão do nosso Axé, também devem ser cultuados para que nos livre da morte precoce.
Marcos de Ode (Ode Kobayó)
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