Comida pra Santo

Não importa para qual "Santo" (Orixá, Inkise ou Vodum), não importa a receita, o propósito, o dia e nem a hora, a culinária dos Orixás é rica e variada. Entrar em uma cozinha de Terreiro é se deliciar primeiro com o aroma, depois com a beleza dos pratos preparados e em seguida pelo paladar. A comida pode ser preparada, ou não por uma Iabassê (responsável pelos alimentos sagrados no Candomblé) o que importa é que a transformação do alimento em uma oferta ao nosso sagrado precisa ser bem feita, ter amor no preparo, mexer a panela evocando nossos Deuses e o hálito que sai da boa tem que trazer palavras boas, de Axé, de Ajô. A escolha dos ingredientes, a limpeza dos utensílios, da cozinha, a limpeza pessoal de quem prepara, sem pressa, com zelo, no tempo certo de cada prato. Comida de Santo se tempera, se cozinha, todas exigem seus awos (segredos) e o que mais me chama a atenção é que todas elas, sem exceção, seja um acaça ou um xinxim, precisam ter sabor, tem que encher a nossa boca de água, tem que ter cheiro bom, aí está a energia (Axé). Comida de Santo tem que ser "arriada" nos devidos lugares com respeito, com prazer, tem que falar/rezar/conversar com Orixá. Se for um ebó, um bori, um prato para de uma mesa de obrigação, tudo tem que ser bem preparado. Em minha opinião esses é um dos principais segredos da cozinha de Terreiro, a culinária é uma das nossas maiores riquezas. Se for colocar água na quartinha coloque com amor, o Omim alimenta, renova a vida, não faça nada obrigado, não cumpra apenas uma tarefa. Axé se vive todo dia, no ebô que a gente cozinha, no aluá que a gente faz, no acaça que a gente enrola, tudo tem um propósito.

Axé

Marcos de Ode (Ode Kobayò)

Foto: internet

Comentários

Postagens mais visitadas