São Jorge não é Ogum, mas é.

Muita gente defende que o sincretismo entre divindades do Candomblé e Santos da Igreja Católica é subordinação e pode apequenar o Candomblé já que um dia houve a necessidade de associar Deuses africanos com Santos católicos por proibição, hoje não é mais necessário. Apesar do sincretismo não ser preciso há décadas, ainda hoje tem muitas gente que acredita que São Jorge seja Ogum na Umbanda e no Candomblé, a associação entre os "guerreiros" e "protetores" deram status importante principalmente no Rio de Janeiro onde essas divindades são muito evocadas.

Quantas vezes popularmente não chamamos Orixá de Santo? Tratamos Nkosi e Gu de Ogum, eu não saberia dizer até que ponto essa "nagôtização" possa prejudicar as nações Angola e Jeje como também não vejo como prejudicial ao Orixá Ogum pessoas o associarem com São Jorge (no caso do Sudeste principalmente), como não defendo o purismo, até porque nem eu saberia dizer o que é ser puro em Candomblé, sou mais tolerante nessas questões. Para o Povo de Axé sempre foi claro que Ogum, Nkosi e Gun não são São Jorge, em muitos Terreiros de Candomblé encontramos fiéis de São Jorge, em minha opinião a fé não obedece a lógica. Na Umbanda Ogum é vermelho, no Candomblé azul profundo ou verde, na Umbanda é general, no Candomblé o guerreiro protetor, protetor de um povo que vive muito próximo da violência.

São Jorge não é Ogum e a gente sabe, mas para milhares de pessoas é o santo guerreiro protetor, porque mudar isso? As coisas vão se acertando. Assim como Ibeji e Erê não são Cosme e Damião, e por costume muitos Terreiros distribuem doces, roupas, brinquedos, caruru... Ogum não fuma charuto e não bebe cerveja, mas ele é o Santo Guerreiro do povo. Quem tem fé em São Jorge e quer ter fé em Ogum, tudo bem, ambos podem trazer Axé. O problema da nossa religião é bem maior que esse.

Axé e Saravá!

Marcos de Ode (Ode Kobayò)

Foto: internet

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