É imoral sacerdotes "sobreviverem" do Orixá?
Há muito tempo essa discussão faz parte do cotidiano do Candomblé, para uns o sacerdócio é totalmente doação e não deve ser remunerado, para outros a remuneração é justa, tem os que acham que sacerdote de Candomblé não é profissão, enfim, são várias opiniões sobre isso. Precisamos pensar que a ideia é recheada de ruídos sobre a questão moral, de fato existem muitos casos de estelionatos nesse meio, exploradores da fé vivem aprontando seus malfeitos, enganando e iludindo pessoas em troca de dinheiro, e muitas vezes muito dinheiro. Mas, não é correto dizer que o sacerdócio digno seja o que é exercido apenas nas horas vagas, temos no mundo mais de 10 mil religiões, as diferenças das religiões são infinitas e eu não poderia qualificar quais dariam ou não dariam para os seus lideres terem uma atividade profissional e ainda exercer seus encargos sacerdotais. Conheço inúmeros zeladores que tem suas profissões, alguns se mantém trabalhando, outros se aposentaram e só aí conseguiram cumprir com os compromissos de zeladores(as), precisamos fazer distinções entre as atividades profissionais, existem as que são mais maleáveis, existem as que exigem muito do profissional, tem as que tornam praticamente impossível ser praticada simultaneamente com as funções de zelador(a). Um Terreiro exige um esforço muito grande da ialorixá ou do babalorixá, claro que depende do tamanho da casa, do número de filhos de santo, da quantidade de pessoas que procuram etc. É quando acontecem as obrigações que percebemos o quanto é difícil se desdobrar entre trabalho e a Casa de Axé.
Muitos zeladores(as) possuem outras fontes de renda e não dependem de recursos de filhos de santo e clientes para suas subsistências, o que é um sonho para muitos deles, os que tiveram que se dedicar completamente ao sacerdócio precisam que a Casa de Axé arque com as despesas deles e das suas famílias, e que mal tem nisso? Desde que exista honestidade, seriedade, comprometimento com as funções não vejo nenhum impedimento para que uma Iyá ou Baba assuma integralmente a atividade sacerdotal, a "moralidade" e "integridade" no sacerdocio não é um atributo apenas aos que tem os seus trabalhos e profissões e que não sobrevivam do Orixá, alias uma pessoa pode até maquiar seus ganhos de dinheiro da religião com suas atividades profissionais, de negócios etc. Não se deve utilizar a condição de independência financeira da religião como um diferencial positivo que possa qualificar mais um zelador(a) do que outro. A questão ética e moral não pode ser atrelada a sobreviver ou não da religião. Durante anos esse debate é recorrente no Candomblé, já ouvi muita gente se vangloriando de sua condição de não depender do Orixá para sobreviver, em minha opinião é uma questão de opção e de condição de vida, assim como, essa possibilidade é relacionada ao número de atividades e compromissos de cada Terreiro. Eu gosto do meu ofício e tento conciliar, religião, profissão, família, vida social e meu esporte, fácil não é.
Quem conhece a realidade dos Terreiros e a vida dos zeladores(as) sabe que existem variáveis nessa questão e que as atividades de uma Casa de Axé pode rapidamente consumir todo o tempo de seus dirigentes, e não é razoável taxar uma pessoa que dedica a sua vida a atividade de líder religioso de aproveitador etc.
Axé
Marcos de Ode (Ode Kobayò)
Foto: istock
Muitos zeladores(as) possuem outras fontes de renda e não dependem de recursos de filhos de santo e clientes para suas subsistências, o que é um sonho para muitos deles, os que tiveram que se dedicar completamente ao sacerdócio precisam que a Casa de Axé arque com as despesas deles e das suas famílias, e que mal tem nisso? Desde que exista honestidade, seriedade, comprometimento com as funções não vejo nenhum impedimento para que uma Iyá ou Baba assuma integralmente a atividade sacerdotal, a "moralidade" e "integridade" no sacerdocio não é um atributo apenas aos que tem os seus trabalhos e profissões e que não sobrevivam do Orixá, alias uma pessoa pode até maquiar seus ganhos de dinheiro da religião com suas atividades profissionais, de negócios etc. Não se deve utilizar a condição de independência financeira da religião como um diferencial positivo que possa qualificar mais um zelador(a) do que outro. A questão ética e moral não pode ser atrelada a sobreviver ou não da religião. Durante anos esse debate é recorrente no Candomblé, já ouvi muita gente se vangloriando de sua condição de não depender do Orixá para sobreviver, em minha opinião é uma questão de opção e de condição de vida, assim como, essa possibilidade é relacionada ao número de atividades e compromissos de cada Terreiro. Eu gosto do meu ofício e tento conciliar, religião, profissão, família, vida social e meu esporte, fácil não é.
Quem conhece a realidade dos Terreiros e a vida dos zeladores(as) sabe que existem variáveis nessa questão e que as atividades de uma Casa de Axé pode rapidamente consumir todo o tempo de seus dirigentes, e não é razoável taxar uma pessoa que dedica a sua vida a atividade de líder religioso de aproveitador etc.
Axé
Marcos de Ode (Ode Kobayò)
Foto: istock
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Modúpé pela sua participação. Olorum Agbo Ato. Que Oxalá lhe de boa sorte.