Oxalá não come só bicho branco

Certo dia em um Terreiro logo pela manhã a encomenda dos "bichos" (animais para imolação) chegou e o pessoal foi descarregando as gaiolas e acomodando-as no chão do corredor, logo vi 2 Etùs brancas, 1 cabra branca e algumas frangas brancas, para alguns nada de anormal pois o Oro era de Oxalá. Com todo respeito aos Axés que acreditam que os animais de Oxalá devam ser totalmente brancos, eu não concordo, essa crença se espalhou em muitas casas durante muito tempo.

Existem animais que sofrem de Leucismo (Leucos - quer dizer branco), que pode ser genético, metabólico ou alimentar, esses animais vão se reproduzindo entre eles e gerando outros animais com o mesmo problema. O Leucismo é a falta de pigmentação, deixando penas, pelos, pele e couro dos animais totalmente brancos pela ausência de pigmentação. Essa anomalia é diferente do Albinismo, os animais que sofrem do Leucismo não afeta os olhos provocando sensibilidade a luz intensa.

Oxalá é o Orixá do branco, só aceita o pano branco em seus cultos entre outros objetos de cor, mas os animais das obrigações de Oxalá, mesmo o Eiyele (pombo), não precisam ser brancos, evidentemente que não damos animais pretos, ou predominantemente pretos. Chamo atenção para o Etù (animal primordial) que é o símbolo do iniciado no Candomblé e que foi pintada de Efun por Obatalá (Obàtálá) ser aceito por Oxalá na coloração genuína, o mito que a galinha da angola (Etù) espanta a morte é um dos principais mitos da criação. Veja o caso dos caracóis (igbins) que encontramos com cascas claras, mas raramente totalmente brancas. Em suma, os animais das obrigações de Oxalá não precisam ser totalmente brancos, principalmente os Etùs.

Axé

Marcos de Ode (Ode Kòbáyo)

Foto: internet

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