Perfurè não é ensaio

Papagaio cinzento de africano (Odidè)
Algumas pessoas acreditam que os perfurès que acontecem durante a inciação na nação Ketu, são meros ensaios para o "candomblé do orunkò". Não vou detalhar no texto o que é, e porque se faz os perfurès, por respeito aos meus mais velhos, não se trata de esconder segredos ou de egoísmo como dizem os desinformados ou os que querem aumentar suas audiências de público. Até porque o Perfurè é uma cerimônia que só interessa para quem fez ou irá fazer.

Os perfurés, também chamados em alguns Axés de Efuns, porque pintam os Eleguns com efun, waji e osun, vão muito mais além do que um certo número de "saídas" estabelecidos de acordo com o contexto de cada Axé e Orixá. Nos perfurès são colocados os Osus que irão completar os ritos necessários da iniciação. Se são dispensáveis ou não, cabe a interpretação de cada indivíduo, minha religião é o Candomblé, é uma religião codificada aqui no Brasil por africanos e seus descendentes. A "gestação" do Iyawo que acontece principalmente durante esse período, para nós que somos de Candomblé é sagrada, é séria, se para outras frentes da religião dos Orixás se trata de teatro creio que devemos lembrar que foram os nossos ancestrais que introduziram no conjunto de ritos que formam o Candomblé e que durante décadas são praticados em diversos Terreiros do país.

Quem acha que perfurè é "ensaio" teatral de Iyawo, dever ter escolhido a nação, ou até a religião errada. Não é correto querer apequenar aquilo que certamente não conseguiram assimilar. Em via de regra, seres humanos ainda estão nascendo com 9 meses, ainda temos Ori, Ara, o Ìmí (sopro - ar) ainda é vital para nossa existência, o Ayé ainda é composto pelos 4 elementos (Terra, Ar, Fogo e Água) desde do início da nossa existência, então não existem razões para desmerecer o que é essência ritualística na nossa religião, na nossa crença que é o Candomblé.

Axé

Marcos de Ode (Ode Kobayò)

Foto: internet

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