Pombagira não é escrava de Orixá

Vou aproveitar esse texto e reforçar que Pombagira não pode ser confundida com a divindade Bantu (Nação Angola) PAMBU NJILA, talvez pela similaridade fonética do nome se confundam tanto a entidade Pombagira com Pambu Njila que é um Nkisi da nação Angola. As pombagiras que possivelmente tenham suas origens no culto Quimbanda (palavra de origem Bantu), mas como não conheço, não posso me aprofundar sobre a origem dessas entidades conhecidas também como Povo de Rua.

Não é raro alguém querer consultar os búzios para saber qual é a sua Pombagira ou o seu "Exú" (Povo de Rua), ou ainda qual é o escravo do seu Orixá, existem até umas associações entre o Orixá e essas entidades, que provavelmente tenham sido elaboradas por pessoas de Umbanda. O Orixá Exú foi durante muito tempo tratado erroneamente como escravo de Orixá, com o tempo essa questão conseguiu atingir um maior número de pessoas e foi esclarecida que Exú é um Orixá primordial, é o grande Òjíse (mensageiro dos 9 Oruns), o primeiro a ser criado, então, Exú jamais foi escravo de nenhum Orixá e quando dizemos que é o mensageiro não pode confundi-lo com carteiro ou office boy do Candomblé. Essa desinformação fez com que Exú fosse tratado por muita gente, e durante anos, como empregado de Orixá, então cada Orixá tinha o seu "empregado", logo, essa ideia chegou no Povo de Rua, que por sinal são tratados como Exús, muitas pessoas acreditam que Tranca-Ruas é escravo de Ogum, Tiriri de Oxóssi, Maria Padilha de Oxum ou Iansã e assim por diante. Não dá para negar essas entidades, pois elas são verdadeiras e devam ser cuidadas, porém não existe nenhuma relação com os Orixás nem com as divindades da nação Angola e do Jeje. Mesmo que uma pessoa sacralizada para Orixá incorpore tais entidades, as mesmas não estão a serviço do Orixá da pessoa, nem o Exú (Orixá), que aí é um outro assunto.

A entidade pode ter conhecimento do que seja Orixá, mas não tem sentido dizer que a mesma esteja a serviço do Orixá da pessoa, não existe "assentar" Dona Maria Mulambo porque o cavalo é de Oya. Se precisar ter alguma representação física para que Dona Maria Mulambo seja cultuada tudo bem, faz sentido, mas esse assentamento é independente e nada tem a ver com Oya ou qualquer outro Orixá. Qualquer outra interpretação em relação a isso não passa de um devaneio. É importante separar esses cultos, não vamos desacredita-los em hipótese alguma, mas não podemos associar Povo de Rua com Orixá. Respeitamos essas entidades que são muito cultuadas aqui no Brasil e em outros países também, e por isso não podemos distorcer os fatos.

Me perdoem os que pensam contrario a isso, mas Povo de Rua não tem nenhuma relação com Orixás, tem pessoas que dizem que algumas dessas entidades enquanto encarnadas eram filhas de determinados Orixás, ou que de alguma forma vibram na energia deles, se pensarmos Orixá em elementos da natureza e dos elementos fundamentais pode ter uma relação, por exemplo, rio, cachoeira, mata, estrada, mar etc. Mas isso também não quer dizer que exista algum elo que vincule Seu Tranca Ruas com Ogum por exemplo, mesmo que o Orixá e a entidade estejam associadas aos mesmos elementos, por exemplo o ferro.

Não existe Exú de Umbanda, de Angola, de Jeje... Existe Èsù divindade Nagô/Yoruba, Orixá fundamental que participou da criação do Aye em suas diversas fases e caminhos. Meus respeitos as entidades que compreendem o Povo de Rua, tão importantes na cultura religiosa afro-brasileira.

Axé

Marcos de Ode (Ode Kobayò)

Foto: internet

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