Vira e mexe esse papo de que o conhecimento do Candomblé não é transmitido emerge nas redes sociais, de forma rasa o discurso generaliza afirmando que os "antigos" retêm-se de passar os "fundamentos" do Candomblé e assim com postura dominadora tenham nas mãos o controle de tudo. Candomblé é uma religião iniciática, e para saber o que acontece no Candomblé é preciso ser iniciado, esse é o ponto de partida, nem todos os iniciados irão ter acesso a todo conhecimento do culto. Aprende-se Candomblé vivenciando o Terreiro, é participando que ao longo do tempo vamos aprendendo, e é por merecimento que os nossos mais velhos vão transmitindo o que eles sabem, é preciso adquirir a confiança. No Candomblé é cada um na sua função, desempenhando o seu papel dentro do Egbè. Quem passa pelo "juramento" de guardar os "segredos" (Awo) do sagrado se compromete a ser um guardião desses segredos que só serão passados de acordo com o julgamento de cada um. Revelar os segredos do culto sem critério é ir na contramão do Axé e do que lhe foi ensinado. Existem pessoas que se aproveitam disso para humilhar, para obter benefícios e poder, o que é errado como conduta humana e sacerdotal.
É verdade que muitos dos nossos mais velhos não tinham e não tem paciência para ensinar, a didática também não é um habilidade que todos tenham, assim existem realmente dificuldade para pessoas que conhecem muito, mas não conseguem transmitir tais conhecimentos.
O aprendizado no Candomblé só pode acontecer quando quem vai ensinar tem o conhecimento, e vai acontecendo com o tempo e com a participação de quem está aprendendo for assídua, honesta e comprometida com os Orixás. Conhecimento nas mãos da pessoa errada é ruim para o Candomblé e para as pessoas.
Axé
Marcos de Ode (Ode Kòbáyo)
Foto: istock
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Modúpé pela sua participação. Olorum Agbo Ato. Que Oxalá lhe de boa sorte.