A ESTRUTURA FÍSICA DE UM TERREIRO DE KETU
Hoje no país a grande maioria dos Terreiros de Ketu são em áreas urbanas, limitados a pequenos terrenos nos bairros das cidades. No entanto, é possível dividir essas áreas para que se tenha os espaços fundamentais para o culto dos Òrìṣàs de um Terreiro de tradição Ketu. Antes mesmo do barracão, temos que pensar nos Ilé ti Òrìṣà (as Casas dos Orixás), que também são conhecidos como Quartos de Santo. A distribuição do espaço é conforme a disponibilidade. Devem ser reservados locais para algumas árvores e plantas sagradas fundamentais, sempre de acordo com a tradição de cada matriz. Alguns exemplos são: o Igì Òpè (Dendezeiro), Igì Ìyeye – Ewè Kiká (Árvore de Cajá Manga), é considerada uma das mais importantes árvores ancestrais dos Candomblés de Ketu e Igì Akòko. Merecem um parágrafo à parte duas delas:
• Bàbá Igì Íròkò (Árvore da Gameleira Branca). Esta árvore em especial é do pai de todas as árvores — Íròkò. A tradição é de que Igì Íròkò deve ser plantado e cultuado. A muda da árvore tem que ser dada por quem tem Íròkò plantado e que tenha a liturgia desse Òrìṣà; assim, a muda plantada da árvore será filha da de onde saiu e deverá ser cuidada liturgicamente para que se torne grande o suficiente e receba os Àṣes e as obrigações devidas).
• Oparun – Bàbá Igì Danko (Bambuzal), outra árvore ancestral. O bambuzal pertence a Bàbá Danko, um Òrìṣà funfun guerreiro que é assentado dentro do bambuzal e cultuado, caso tenha espaço no terreno é importante ter. Existem outros Igìs importantes para o culto, mas cada tradição de Àṣe irá orientar e determinar quais serão plantadas.
O Hunko (Ilé-Àṣe), se possível, deve ser anexado ao Salão do Terreiro, local onde são realizadas as cerimônias públicas. O Hunko é a representação do ventre de gestação do Àṣe. É nesse espaço sagrado que os neófitos ficam durante um período da obrigação, sendo gerados para um novo nascimento, para a vida do Òrìṣà. Como em um ventre, o Hunko não deve ter janelas, apenas uma entrada e saída de ar. Hoje em dia possui banheiro (balué), para evitar que os noviços saiam. Hunko também poderia ser chamado de Ilé Igbó Aku (Casa da Morada da Morte), pois esse local é uma conexão dos dois mundos, o material (Àiyé) e o espiritual (Orun), é nele que acontecem os ritos de passagem, é onde se morre e renasce para uma nova vida — a vida no Òrìṣà, no culto ao ancestral. A configuração do Salão (Barracão) depende da arquitetura do espaço, das tradições do Àṣe. Geralmente os Salões do Terreiro de Ketu possuem uma pequena “casinha” dentro, ao lado da porta de entrada, onde fica um ojúbọ (local de adoração e culto) de uma divindade. É importante que essa porta seja larga para facilitar o trânsito de pessoas e uma possível evacuação de emergência do local. Independentemente de como for a construção, é fundamental que o local fique bem arejado para a circulação de ar. É uma tradição dos Terreiros de Ketu a colocação de bandeirinhas no teto (fig. 01). Existem várias versões para explicar essas bandeirinhas; não é algo obrigatório, fica a critério de cada Casa, embora a religião dos Òrìṣàs seja fundamentada pelas tradições.
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Modúpé pela sua participação. Olorum Agbo Ato. Que Oxalá lhe de boa sorte.