OBJETOS RITUALÍSTICOS DO CANDOMBLÉ KETU


Para que o culto aos Òrìṣàs seja realizado, é necessário um conjunto de objetos que passam de profanos para sagrados com as devidas sacralizações realizadas dentro do Terreiro, de acordo com cada tradição e linhagem de Àṣe. Esses objetos compõem a ritualística da Casa e são manipulados pela Ìyálòrìṣà ou Bàbálòrìṣà, pelos Oloyés, Ègbóns e alguns pelos Ìyàwós do Egbé. A seguir, uma lista dos principais. Alguns deles podem ser adquiridos em lojas do ramo, outros na Natureza e ainda há os que são confeccionados por pessoas do próprio Àṣe.

Abebê (Abèbè): Objeto parecido com um leque utilizado nos ritos de Yemoja e Òṣùn.

Acorô (Àkòró): Coroa do Òrìṣà Ògún.

Adaga (Òbéké/  Agbándán): tipo de alfanje, faca.

Adja duplo (Ààjà): sineta utilizada para invocar as energias das divindades do Candomblé. Seu uso é restrito às autoridades do Àṣe.

Aguidavi (Agdavi): baqueta de aproximadamente 30 cm a 40 cm, geralmente feita com galhos da goiabeira ou do araçazeiro.

Agogô (Agogo/  Gan): instrumento metálico de percussão que marca os ritmos dos Òrìṣàs.

Ala (Àlà): pano muito branco que cobre Òsàlá em todas as suas obrigações.

Alguidar (Obero): vasilha de barro utilizada em diversos rituais.

Altar (Pepelé): prateleira que serve de altar para diversos objetos sagrados.

Assentamento (Ìdí Òrìṣà/  Igbá): elementos/ recipientes litúrgicos para cultuar Òrìṣà, é o local com objetos e elementos para o culto dos Òrìṣàs.

Atabaques (Ìlù, Osi Ìlù, Otun Ìlù): conjunto de três tambores de tamanhos diferentes que são utilizados para os ritmos dos louvores (Orins) das divindades.

Atori (Àtòrì): varas de madeira que ÒsàgÌyán utiliza em sua liturgia.

Bacia (Opón Ide): bacia de metal utilizada para diversos fins na ritualistica.

Banco (Àpótí): banquinho de madeira.

Bilala (Bílálà): chicote de couro utilizado por Òṣóòsì.

Bolsa de Xangô (Làbà): bolsa de couro utilizada por Ṣàngó, dentro do làbà são colocadas as pedras de raio (èdún àrá).

Bracelete (Egbaowo): pulseiras de materiais diversos.

Brajá (Bràjá): colar comprido confeccionado com búzios brancos utilizados por pessoas mais velhas da Casa e também por algumas divindades. O bràjà representa o infinito e a continuidade.

Bucha (Kànrinkan): bucha vegetal para diversos fins.

Búzio (Eyo/  Cauri): o búzio é um crustáceo cuja concha tem uma fenda natural que representa o lado aberto. Esse lado é considerado a boca do búzio e o aberto mecanicamente pelo homem é chamado lado fechado. É utilizado abundantemente em diversos rituais, sobretudo para montar o Oráculo (Mérìndílógún) da Ìyá ou Bàbá.

Cabaça (Igbá): fruto do cabaceiro, muito utilizado em diversos rituais. Conforme o tipo de uso (modo como é cortada ou aberta, ou se usada inteira), ela tem um significado.

Cajado (Òpá): kóndó. 

Caneca (Ago): de uso comum, principalmente para os neófitos durante as obrigações.

Caroço de dendê (Èkùró): o caroço do fruto do dendezeiro é utilizado no culto a Ifá e em outros ritos do Àṣe. Dele é extraído o azeite de dendê (epo pupa).

Carvão (Èédú): é utilizado em algumas situações nos ritos do Àsè, mas expressamente proíbido em todas as obrigações de Òrìṣà Funfun. 

Cera de Abelha (Ìda)

Cesta de palha (Agbòn)

Chifre (Ìwo/  Oge): utilizado em diversos ritos, principalmente o de boi e de búfalo. Símbolo de fartura e fertilização.

Chumbo (Òjé)

Cobre (Kópà)

Colher de pau (Ìpon/  Orógùn): utilizada na cozinha e em assentamentos de algumas divindades.

Concha (Pèpé): para uso litúrgico.

Contra egun (èékán): protetor para afastar maus espíritos. Feito de palha da costa (fibra de ráfia extraída da palmeira chamada igí-ògòrò, no Brasil é chamda de jupati). 

Coral (Iyùn): tirado dos recifes de corais para confecção de objetos litúrgicos, principalmente o fio de contas dos Ègbóns.

Corda (Okùn)

Coroa (Adé): adorno de cabeça para compor os trajes sagrados dos Òrìṣàs.

Corrente (Sakasìki)

Couraça (Àwo-Àìyà): utilizada em algumas divindades guerreiras.

Couro (Awo)

Cristal (Ewele): representa sabedoria, transparência e longevidade.

Papagaio odíde

Ecodidé (Ikódíde): pena do rabo do papagaio africano odíde, utilizada em diversos rituais no Terreiro de Ketu.

Efun (Efun): mineral branco muito utilizado nos rituais.

Enxofre (Ímí Ojo):

Eruquerê (Ìrùkèrè/  Ìrùesín): artefato confeccionado com crina do cavalo. Utilizado pelas autoridades reais Ọdẹ e Oya.

Escudo (Apata): paramento utilizado por algumas divindades guerreiras.

Espelho (Àwògbè/  Dígí): muito utilizado principalmente nos rituais de Òṣùn e Yemoja, tem a representação do domínio das águas.

Esteira (Ení)

Esterco (Ìgbònsè): o bovino é utilizado em alguns rituais.  

Faca (Òbe)

Facão (Àdá)

Faixa (Òbárá)

Fio de contas (Ìlèkê)

Fósforo (Ìsáná)

Furá (Fúrá): bebida alcoólica produzida a partir da fermentação do milho branco ou arroz e mel.

Gamela (Ìkòkò Pako)

Ibiri (Ìbírí): artefato ritual utilizado por Nàná.

Ierosun (ÌyèrÒṣùn): pó utilizado em alguns rituais no Candomblé. Esse pó é o resultado da ação do cupim na árvore ÌrÒṣùn.

Ibadu (Ígbádù): cabaça pintada de branco, cortada horizontalmente ao meio e dentro pequenos recipientes de casca de noz do coco cortado ao meio contendo cada qual com um elemento (Efun, Osùn, wájì e lama).

Imã (Òkúta-ìmúrin)

Jogo de Búzios (Meríndilogun)

(Irun Àgùtàn): lã de carneiro em forma de pó e defumada, utilizada em rituais para afastar agouros e maus espíritos.

Laguidibá (Lágídígba): colar utilizado por algumas divindades, confeccionado com chifre de búfalo ou com a casca da noz de palmeira.

Lama (Tabatinga)

Lamparina (Ìtànná) 

Lampião (Àtùpà)

Larva de Palmeira (Eiye Ògòngò)

Lekeleke (Lékeléke): pena branca do Bulbucus Ibis, utilizada nos rituais para representar a paz.

Lenha (Eru-ígí): madeira, lenha.

Lixo (Pàntí): ele é contra Àse e deve permanecer o menor tempo possível dentro do Terreiro. Importante salientar que as sobras das obrigações devem permanecer em recipientes apropriados e, no devido tempo, compor o erù pín (carrego final).

Mão de pilão (Omo Odó): utilizado para amassar ingredientes no pilão. Ferramenta fundamental nos rituais de ÒsàgÌyán.

Mayami (Máyàmí): sacola que contém os apetrechos de caça e ferramentas rituais de Ọdẹ.

Mesa para jogo (Tábìlì Awo): usada para a consulta oracular do jogo de búzios.

Miçanga (Èsurú): tipo africano para confecção dos fios de contas sagrados.

Mineral (Ìsúra Inù Ilé): mineral, tesouro.

Mocan (Mokan): tipo de colar confeccionado em palha da costa. Utilizado pelos iniciados no Candomblé até a obrigação de sete anos. Amuleto dedicado a Nàná para que Iku fique longe da vida do Ìyáwó.

Monjoló (Mònjòlò): colar de contas vermelhas que, em algumas tradições, é utilizado por sacerdotes e sacerdotisas.

Morim (Tálà): pano para diversos rituais do Candomblé. Aṣo funfun (morim branco), aṣo dúdú (morim preto) e aṣo pupa (morim vermelho). 

Navalha (Abe/  Òbe farí)

Obi (Obì): noz de cola, fruto considerado sagrado e muito utilizado na maioria dos rituais do Candomblé Ketu. Existem o obì gbànja (com 2 partes/gomos), o obì àbàtà (com 4 partes/gomos), obì márúm (com 5 partes/ gomos), obì ìwàrèfà (com 6 partes/ gomos). 

Ofá (Ofà): ferramenta ritual dos caçadores (Ọdẹs), representa um arco e flecha.

Ogó (Ògo): ferramenta ritual de Èṣù, representa o falo.

Olibé (Olíbe): fava de Ṣàngó. Utilizada em diversos rituais desse Òrìṣà.

Opaxorô (Òpá Sóró): cajado utilizado por Òsàlá. Representa a ligação entre o céu (Òrun) e a Terra (Àiyé). 

Osun (Osùn): pó vermelho produzido a partir da árvore de nome ÌrÒṣùn. O iniciado no Candomblé Ketu tem seu corpo pintado com osùn, efun e wájì, que representam as três cores primordiais da vida (vermelho, branco e preto).

Oxê (Osé): machado de dois gumes utilizado como ferramenta ritualística de Ṣàngó. Essa ferramenta representa os dois lados da justiça e nos orienta a sempre ouvir e observar os dois lados de um fato.

Palha da costa (Àko): produzida com a folha seca da palmeira igí-ògòrò, que no Brasil é chamada de jupati. É utilizada em inúmeros rituais no Candomblé Ketu e primordialmente seu uso é para afastar maus espíritos.

Panela (Ìkòkò)

Pavio de lamparina (Òwú fìtílà)

Pedra (Òkúta): principal elemento nos assentamentos dos Òrìṣàs. O òkútà representa a força vital do Àṣe, a longevidade e a resistência energética de nossas divindades. Essas pedras geralmente devem ter sido lapidadas pela ação do tempo, devem ser arredondadas, lisas e muito resistentes.

Pérola (Pàrílí)

Porrão (Otùn Nlá): pote de barro grande para armazenar águas e outros elementos.

Prata (Fàdákà)

Prato (Àwo)

Prato de ágata (Páànù)

Quartinha (Otùn): recipiente de barro utilizado para armazenar água fresca nos rituais do Terreiro. As quartinhas representam o corpo vivo do Omo Òrìṣà do respectivo Ìdì Òrìṣà (Ibga). Uma quartinha deve estar sempre cheia de água até o final da vida do indivíduo. Após seu falecimento, um dos primeiros atos é despejar a água dessa quartinha numa bacia, demonstrando que não existe mais vida material daquele adepto.

Retalhos de pano (Aso Ìrépé): utilizados em alguns ebós.

Sabão da Costa (Ose Dúdú): sabão feito à base de ervas litúrgicas, favas, cinzas etc. específicos de cada Ase.

Segui (Sègi): tipo de conta para ìlèkès de cor azul, que representa o excremento mítico da cobra sagrada que serviu como rastro para Òránmíyàn fundar o Reino de Òyó.

Sopeira (Ìkòkò Obê): recipiente utilizado para o assentamento de algumas divindades no Candomblé Ketu.

Tabatinga (Amò): tipo de barro/ argila, utilizado para assentamento de Èṣù.

Tesoura (Àlùmágàjí)

Toalha (Tàwéèlì)

Trono (Ìte): cadeira destinada ao Òrìṣà patrono do Terreiro, ou ainda do sacerdote (iza).

Vela (Àbélà)

Vinho de milho (Otí Okà): bebida servida ao Òrìṣà Ògún.

Vinho de palma (Emu): bebida alcoólica extraída diretamente do caule do dendezeiro. Um dos principais interditos de Osàlúfón.

Vulto (Sìgìdi): escultura feita de barro e outros elementos, para representação de Èṣù.

Xaxará (Ṣàṣàrà): artefato confeccionado com as nervuras do dendezeiro, utilizado por Omolu e por Obalúwáiyé para curar.

Xaorô (Ṣaworo): guizo preso aos pés durante certos rituais do Candomblé Ketu, e elemento que adorna determinadas vestimentas de algumas divindades.

Xére (Ṣèrè/Ṣèkèrè): Cabaça inteira, de pescoço longo, usada como chocalho. Um dos objetos ritualísticos de Ṣàngó, utilizado por este, ou por seus adeptos para invocação. O som do Sèrè representa o rugido dos trovões.

Yangui (Yangí): pedra laterita, rocha avermelhada, matéria-prima da bauxita. O mesmo que ìlèpa. Èṣù é considerado a laterita, a “protoforma universal”. É o símbolo da matéria individualizada.

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