COEXISTIR COM GERAÇÕES DIFERENTES

No Candomblé, tempo é caminho sagrado. Somos frutos dos que vieram antes, prepararam o solo e cultivaram os igis que nos alimentam. Sem o antigo, não existiria o novo e sem os que chegam, não há continuidade. Por isso, coexistir entre gerações é um compromisso com o Àṣẹ, com a tradição e com o futuro.

A experiência dos mais velhos é ebò, pois são eles que viveram o tempo e forjaram a história. São testemunhas do que foi feito e do que precisa ser melhorado. Mas, nem todo mais velho é sábio, e nem todo jovem está perdido. Há velhos que não souberam ser dignos da sua caminhada, e há jovens que serão os mais velhos fundamentais do futuro.

Folhas que brotam em galho antigo precisam da raiz, como a árvore para continuar viva precisa das folhas que brotam. Jovem que não ouve não aprende e o velho que não ensina, não deixa frutos.

O abiyan é semente que pode virar fruto. Lembramos que quem o prepara o abiyan e o ìyàwó e o egbon. Os mais velhos só serão eternizados se deixarem raízes firmes. Aos que foram exemplos, mo júbà! Aos que se perderam na caminhada, que sirvam como exemplo.

No Candomblé, tradição e renovação caminham juntas. O ontem é raiz, o hoje é tronco e o amanhã são folhas novas. Que saibamos nutrir nossos ramos para que o Àṣẹ não morra, nós precisamos dos novos para continuar. Já vi muito novo ter mais a dizer que muito mais velho. *Falo velho com muito carinho, pois nos meus 60 anos sinto-me a vontade para dizer que tenho mais passado que futuro.

Àṣẹ pupo gbogbo!

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