TEM MUITA “MACUMBA” NAS ESCOLAS DE SAMBA?
Tem sim! Vocês sabiam que o samba e a capoeira já foram proibidos e considerados crimes no fim do século XIX e início do XX? Isso mesmo, quem praticava podia ser preso, enquadrado na Lei da Vadiagem. Era “coisa de preto”, logo, era marginalizado. Mas, resistimos.
As nossas tias abriram suas casas para o Samba (com “S” maiúsculo, porque merece). Essas tias eram Iyalorisas, mães de santo, guardiãs do Àse, a propósito, no Candomblé, chamamos nossos mais velhos de tias e tios, e não é coincidência que o samba tenha crescido sob a proteção dessas maravilhosas e valentes mulheres. Assim, as Escolas de Samba têm raízes profundas no Candomblé, quer os “senhores de bem” gostem ou não.
Para se ter uma ideia, as baterias têm como patronos alguns Orisas. A Portela tem Osoosi, o Salgueiro tem Sango, por exemplo. Os ritmos dessas baterias eram baseados nos toques sagrados do Candomblé. Ou seja, quando se samba ao som das baterias, há influência dos Orisas. É "coisa de macumbeiro" mesmo!
Os Orisas do povo preto são potentes. O samba, que nasceu das vielas e dos quintais, hoje é o maior espetáculo da Terra ao ar livre. Sobrevivemos ao açoite, ao chicote do pós-abolição e ao racismo que persiste até hoje. De pé, seguimos adiante.
E já que tocamos no assunto: o diabo que empurram para o nosso colo não é coisa nossa. Não acreditamos em diabo. Não temos o "pata rachada" na nossa fé. Esse medo e essa invenção são de vocês. Então, se resolvam com seus próprios diabos.
Vai ter muita macumba nas Escolas de Samba, SIM! E quanto mais, melhor! Não gosta? Que pena! Simples: não assista, não ouça, não desfile. A verdade irrita, né? Saber que tudo isso surgiu do “povo da macumba”.
Aliás, tem até quem vive do Carnaval reclamando da macumba. Que paradoxo! Se o problema é esse, tentem fazer carnaval em Veneza. Deve combinar mais com vocês, não é P.B.
Os evangélicos que hoje reclamam da macumba no samba são os mesmos que sempre reclamaram. A diferença é que agora muitos deles que enriqueceram e enriquecem com o Carnaval, quer a “coisa de preto” fora. Que ironia, né?
A “coisa de preto” que um dia foi crime virou indústria, movimenta milhões, gera renda, sustenta centenas de famílias. Tem problemas? Sim, como tudo na sociedade. Mas nada apaga a grandeza do que foi construído.
Viva o Samba! Viva nossas tias “macumbeiras”! Viva toda a comunidade do Samba!
Comentários
Postar um comentário
Modúpé pela sua participação. Olorum Agbo Ato. Que Oxalá lhe de boa sorte.